domingo, 24 de julho de 2016

Alberto Brum de Souza, O Significado do Natal - O Nascimento de Jesus


Apesar do nascimento de “Jesus, o Cristo” no dia 25 de dezembro não ser um evento histórico, não devemos negar a importância mística e religiosa de lembrarmos o nascimento de um Grande Instrutor. Certamente terá um intenso efeito espiritual voltarmos o pensamento em direção ao Mestre Jesus. E, certamente, não pretendemos mostrar que o natal é um mero acontecimento astronômico. Esses dois aspectos, reunidos ao simbolismo e ao misticismo inerentes à idéia do nascimento do Cristo no coração dos homens, nos levarão a uma maior percepção do significado mais profundo, no qual o natal passa a ser visto como um grande Rito Cósmico, o qual harmoniza as forças espirituais do macro ao micro e microcosmos.
Como constantemente destaca Geoffrey Hodson, não podemos esquecer que toda narração bíblica possui nitidamente um caráter alegórico e que as etapas representadas por Jesus no texto são uma demonstração da jornada evolutiva da alma humana. Em “The Hidden Wisdom in the Holy Bible” o autor nos indica que a primeira chave para se interpretar as escrituras cristãs é tomar os relatos externos – pretensamente históricos – como acontecimentos interiores (subjetivos). Também Orígenes, o sábio cristão de Alexandria, realça que os textos bíblicos contém um “corpo, uma alma e um espírito”. Não devem ser tomados no seu sentido literal e sim assimilados a partir de seus níveis mais internos, usando-se a Gnose, instrumento indispensável para a compreensão real do sentido alegórico. A Bíblia é um texto inspirativo. Seus autores nunca pretenderam criar uma fonte de fatos históricos.
Nos ensinamentos de todas as grandes religiões existe a idéia da necessidade de “nascer de novo”, “ser iluminado”, “despertar” para outro nível de consciência. E sempre que isto acontece, brilha uma Estrela, símbolo do Homem Perfeito. É a presença invisível de Melquisedec, o supremo sacerdote de Deus na Terra, o Rei dos Reis, junto àquele que está sendo recebido na Comunhão do Santos, no Reino dos Céus, por ser ele o chefe da grande Ordem Espiritual no planeta. Este passo é sempre representado como um nascimento é a recepção da “criança” (símbolo da pureza) em um novo mundo.
A alegoria do nascimento de Jesus em uma “gruta”, ou em uma “caverna”, é o despertar da Alma, é o nascimento do Cristo interno, da Divindade presente nos corações dos homens. É o surgir da luz que dissipará as trevas. Em outra linguagem, diríamos que é na cavidade do coração que brota a Rosa que irá ser o centro da Cruz. Deste modo, o nascer do menino Jesus, na festa do natal, é símbolo do despertar da consciência crística.
São Paulo, que viveu depois de Jesus, nos relata que ele conheceu o Cristo quando foi arrebatado ao terceiro céu. Diz ele: “Conheço um homem em Cristo que, há quatorze anos foi arrebatado ao terceiro céu... E sei que esse homem foi arrebatado até o paraíso e ouviu palavras inefáveis, que não é lícito ao homem repetir”. [21] Era dessa experiência interior que ele retirava sua convicção para dizer que “Cristo em vós, é a esperança de glória”.
Esta perspectiva nos mostra que o natal é algo sempre atual, uma comemoração no presente e não mero lembrar do passado. É uma celebração interior, com vida e energia transformadora. Deve ser uma abertura do coração do homem para o coração do mundo. Sem dúvida o natal deve ser uma grande festa, mas uma festa para a Alma e a Natureza. Após toda uma preparação nos reinos invisíveis e nos mundos espirituais, e após o instante do solstício, todo o planeta recebe uma grande efusão de energia.

Por esse motivo, é correto considerar o natal como um Rito Cósmico e Ecológico, no qual podemos participar ativamente, tendo como centro o harmonizar-se com o todo e não apenas desejar receber. É importante estarmos abertos e receptivos, ao mesmo tempo em que procuramos contribuir com nossa força interior, ofertando bons pensamentos e criando um clima de paz e fraternidade. Há uma maior possibilidade de um despertar da consciência, pois bênçãos superiores infundem-se sobre a humanidade. Cristo nasce na Natureza, pois o natal não é apenas o nascimento simbólico do Sol. Em seu aspecto energético, é o nascimento do Cristo imanente na Natureza.

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