sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

O Verdadeiro Espírito de Natal

O VERDADEIRO ESPÍRITO DE NATAL

Por Márcio Bontempo

Todos os anos, presenciamos as frenéticas atividades que envolvem a época de natal, com as suas características sempre iguais, incluindo um tipo de “espírito de natal” que, diga-se de passagem, é mais um “clima” do que realmente “espírito”, na verdadeira acepção da palavra. Não é época de paz, mas de muita ansiedade, agitação. E o que pouca gente sabe, é que o que se chama de “Natal”, na sua verdadeira origem, nada tem a ver com o que experienciamos neste período. O natal original, em que se comemorava o verdadeiro nascimento de Jesus, estava ligado a um período de oração, jejum e introspecção, o que contrasta fortemente com o que acontece nos nossos dias. A seguir, apresentamos as principais diferenças entre os dois períodos:

1 – Documentos provam que Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro, mas por volta de março ou abril. O dia 25 de dezembro equivale à comemoração exotérica romana do natalis solis invictus, ou “nascimento do sol invencível”, que ocorria durante o solstício do inverno para o hemisfério norte (período em que o sol, está mais longe da Terra). A ideia é que sendo o ultimo dia de “vida” do sol, este renascia imediatamente para um novo ciclo. Como era uma festa também fortemente popular, embora pagã, a Igreja Católica decidiu fazer “coincidir” a data do nascimento de Jesus com esse dia, para angariar fieis. Portanto comemora-se o Natal numa data errada. Outro fato é que Jesus nunca determinou que se comemorasse coisa alguma. Seu exemplo de vida, de fato, é que deveria ser imitado por todos.

2 – Para todos os cristãos, é um dia, ou período, em que se cometem exageros e excessos, principalmente gastronômicos e alcoólicos, ou seja, completamente diferente da “oração e jejum”, que era tido como um meio de se agradar o Divino.

Ainda sobre a alimentação, em geral nas mesas e nas ceias, há a presença  de um ou vários animais mortos, porém devidamente temperados.

Quer dizer, comemora-se com um animal morto a data máxima da vida. E isso para somente para satisfazer o paladar, contrastando com o jejum exigido nos ritos cristãos originais. São bilhões de perus, porcos, patos, carneiros etc., abatidos no mundo todo, para deleite e banquetes pantagruélicos. Nada a ver com a simplicidade que pregava Cristo, que, inclusive, era vegetariano e abstêmio (ver documentos dos Essênios do Mar Morto), ou talvez só comesse peixe e um pouco do habitual vinho.

4 – Ainda sobre alimentação, nesta época é comum o consumo de alimentos inadequados e impróprios, tanto para o clima brasileiro quanto para o próprio organismo. São frutas oleaginosas próprias para climas frios e países gelados, além dos doces em demasia (rabanadas!) e gordura animal (porco, presunto, bacon...) e proteínas em quantidades absurdas, álcool... Quem paga é o organismo e a saúde, com fermentações, gases, ganho de peso, agressões ao fígado, irritação gástrica, prisão de ventre... depois, elevação da pressão arterial, deposição de placas de colesterol... um inferno para o corpo e para a alma. A ceia autêntica e brasileira dever contar com produtos nossos, como abacaxi, manga, melancia, banana etc... numa composição muito simples e saudável, para harmonizar com o espírito de interiorização e paz.

5 – O espírito de “fraternidade” também é falso, pois as mesas fartas, com excessos, a fixação em elementos materiais (presentes...) e o foco no núcleo familiar, são reflexo de fatores mais ligados ao egoísmo, à distorção dos ensinamentos de Cristo, que pregava o desapego material e o amor ao próximo.

6 – E Papai Noel nada tem a ver com Jesus, pois tem origem na tradição nórdica, totalmente pagã. A ideia de um bom velhinho que dá presentes é totalmente oposta ao espírito cristão e, inclusive, cria ansiedades e expectativas falsas, focando a atenção das crianças numa lenda corrompida e numa proposta inverossímil, e porque não dizer, esquizofrênica.

Conclusão

O verdadeiro espírito do autêntico Natal é o de desapego material, desapego ao ego individual e aos sentidos. É um momento de fraternidade, comunhão entre todos os seres e de exercício do amor universal. Momento de simplicidade, de parcimônia, de alimentação simples e consciente, de saúde e de equilíbrio. Bem, isto é o que precisamos, não somente na época de Natal, mas sempre! Portanto, a nossa proposta é que passemos o ano inteiro desejando a todos um feliz natal!

Feliz Natal todos os dias para você!

domingo, 24 de julho de 2016

Alberto Brum de Souza, O Significado do Natal - Natal Místico


Annie Besant na obra “O Cristianismo Esotérico” elucida muitos aspectos do lado místico e simbólico do Cristianismo. A autora mostra que o dia 25 de dezembro foi escolhido pelo Papa Júlio I, no século IV, para ser a data comemorada. Foi um decreto papal o instrumento usado para superar o impasse até hoje não solucionado. Leadbeater comenta que o dia 25 de dezembro foi selecionado da primitiva história eclesiástica “porque coincidia com o grande festival do Sol”[14] e que foi naturalmente conveniente tomar vantagem de uma celebração pública já existente.
Outro especialista sobre as origens do Cristianismo, o Dr. Alvin Boyd Kuhn, em seu livro, “A Rebirth for Christianity” nos fala que “em 345 d.C. uma encíclica emitida pelo Papa Júlio(*) decretou o deslocamento da data do natal de 25 de março para 25 de dezembro, com a expressa afirmação de que esta medida foi tomada para alinhar a celebração cristã do nascimento do Salvador com o costume dos seguidores de Baco e de Mitra que comemoravam o nascimento da Divindade no solstício de inverno”. [15] Portanto, é um reconhecimento oficial em relação ao fato de que a celebração do natal é anterior ao nascimento de Jesus.
O cristianismo, do mesmo modo que as outras grandes religiões, foi fundado no hemisfério norte, tendo suas datas relacionadas àquele hemisfério.
(*) Na edição de 1970 aparece Julio XI. Besant cita Julio I.


Em “The Inner Side of Christian Festivals”, encontramos que o renascimento do Deus-Sol ocorria após o solstício de inverno, sendo que a Terra atingia um ponto de reinício de sua órbita ao redor do Sol. O autor acrescenta: “aqueles que não reconhecem o significado simbólico da vida do Cristo naturalmente supõem que todas essas comemorações eclesiásticas são meramente históricas”. [16]  
São Crisóstomo, em 390 d.C., num trecho citado por Besant, disse que “este dia”, 25 de dezembro, em Roma, acaba de ser escolhido como o nascimento de Cristo, a fim de que os pagãos, ocupados com suas cerimônias, deixem os cristãos celebrar seus próprios ritos sem ser molestados. [17] Os “pagãos”, aqui referidos, são os outros povos e suas religiões. E eles não molestavam os cristãos, já que suas celebrações eram anteriores. Outra passagem semelhante encontramos na obra “The Gnostics and Their Remains” de C.W. King, que destacou: “a antiga festa celebrada a 25 de dezembro, em honra do nascimento do Ser Invencível, e assinalada por grandes jogos no circo, cuja data certa, como confessam numerosos Padres da Igreja, era então, como hoje, desconhecida”. [18]
Na obra “Decadência e Queda do Império Romano”, de Gibbon, lemos que “os romanos (cristãos), tão ignorantes como seus irmãos com relação à data do nascimento do Cristo, escolheram, para festejá-la, o 25 de dezembro, no momento das brumélias do solstício de inverno, nas quais os pagãos celebram cada ano o nascimento do Sol”. [19] Como vemos, são vários os autores que mostram a data do “natal” sendo adaptada ao solstício. Destaco outra colocação clara do bispo Leadbeater: “Estes festivais do Deus-Sol tinham sido preservados por milhares de anos antes do nascimento de Jesus”. [20]
Foi, pois, após o século IV que os “cristãos” passaram a celebrar o nascimento do “chrêstos”, o Espírito Divino, o Deus-Sol, do mesmo modo como faziam os chamados pagãos – egípcios, caldeus, gregos, hindus, astecas e vários outros povos. Em termos astronômicos, todos festejam o solstício de inverno, assim como a Páscoa tem relação com o equinócio de primavera no hemisfério norte.
Segundo o “Glossário Teosófico” de H.P. Blavatsky é provável que o solstício de inverno coincidisse primitivamente com o 25 de dezembro, mas que devido à precessão dos equinócios ocorre uma antecipação da hora do solstício anualmente. Blavatsky cita o escritor Emílio Burnouf, que no livro “A Ciência das Religiões”, diz que o culto cristão está distribuído segundo a marcha do Sol e da Lua e que o solstício de inverno no hemisfério norte está ocorrendo antes do dia citado. Hoje, se fôssemos ser fiéis ao aspecto astronômico, teríamos que celebrar o nascimento do Cristo místico no dia e no momento exato da posição do Sol. No ano de 1983, como exemplo, isto aconteceu às 10 horas e 31 minutos do dia 22 de dezembro, horário de Greenwich. Após o solstício, a Terra em seu movimento em torno do Sol, atinge a sua menor distância em relação ao Sol.  Em termos místicos significa que com o nascimento do Cristo a luz aproxima-se mais dos homens.

Alberto Brum de Souza, O Significado do Natal - O Nascimento de Jesus


Apesar do nascimento de “Jesus, o Cristo” no dia 25 de dezembro não ser um evento histórico, não devemos negar a importância mística e religiosa de lembrarmos o nascimento de um Grande Instrutor. Certamente terá um intenso efeito espiritual voltarmos o pensamento em direção ao Mestre Jesus. E, certamente, não pretendemos mostrar que o natal é um mero acontecimento astronômico. Esses dois aspectos, reunidos ao simbolismo e ao misticismo inerentes à idéia do nascimento do Cristo no coração dos homens, nos levarão a uma maior percepção do significado mais profundo, no qual o natal passa a ser visto como um grande Rito Cósmico, o qual harmoniza as forças espirituais do macro ao micro e microcosmos.
Como constantemente destaca Geoffrey Hodson, não podemos esquecer que toda narração bíblica possui nitidamente um caráter alegórico e que as etapas representadas por Jesus no texto são uma demonstração da jornada evolutiva da alma humana. Em “The Hidden Wisdom in the Holy Bible” o autor nos indica que a primeira chave para se interpretar as escrituras cristãs é tomar os relatos externos – pretensamente históricos – como acontecimentos interiores (subjetivos). Também Orígenes, o sábio cristão de Alexandria, realça que os textos bíblicos contém um “corpo, uma alma e um espírito”. Não devem ser tomados no seu sentido literal e sim assimilados a partir de seus níveis mais internos, usando-se a Gnose, instrumento indispensável para a compreensão real do sentido alegórico. A Bíblia é um texto inspirativo. Seus autores nunca pretenderam criar uma fonte de fatos históricos.
Nos ensinamentos de todas as grandes religiões existe a idéia da necessidade de “nascer de novo”, “ser iluminado”, “despertar” para outro nível de consciência. E sempre que isto acontece, brilha uma Estrela, símbolo do Homem Perfeito. É a presença invisível de Melquisedec, o supremo sacerdote de Deus na Terra, o Rei dos Reis, junto àquele que está sendo recebido na Comunhão do Santos, no Reino dos Céus, por ser ele o chefe da grande Ordem Espiritual no planeta. Este passo é sempre representado como um nascimento é a recepção da “criança” (símbolo da pureza) em um novo mundo.
A alegoria do nascimento de Jesus em uma “gruta”, ou em uma “caverna”, é o despertar da Alma, é o nascimento do Cristo interno, da Divindade presente nos corações dos homens. É o surgir da luz que dissipará as trevas. Em outra linguagem, diríamos que é na cavidade do coração que brota a Rosa que irá ser o centro da Cruz. Deste modo, o nascer do menino Jesus, na festa do natal, é símbolo do despertar da consciência crística.
São Paulo, que viveu depois de Jesus, nos relata que ele conheceu o Cristo quando foi arrebatado ao terceiro céu. Diz ele: “Conheço um homem em Cristo que, há quatorze anos foi arrebatado ao terceiro céu... E sei que esse homem foi arrebatado até o paraíso e ouviu palavras inefáveis, que não é lícito ao homem repetir”. [21] Era dessa experiência interior que ele retirava sua convicção para dizer que “Cristo em vós, é a esperança de glória”.
Esta perspectiva nos mostra que o natal é algo sempre atual, uma comemoração no presente e não mero lembrar do passado. É uma celebração interior, com vida e energia transformadora. Deve ser uma abertura do coração do homem para o coração do mundo. Sem dúvida o natal deve ser uma grande festa, mas uma festa para a Alma e a Natureza. Após toda uma preparação nos reinos invisíveis e nos mundos espirituais, e após o instante do solstício, todo o planeta recebe uma grande efusão de energia.

Por esse motivo, é correto considerar o natal como um Rito Cósmico e Ecológico, no qual podemos participar ativamente, tendo como centro o harmonizar-se com o todo e não apenas desejar receber. É importante estarmos abertos e receptivos, ao mesmo tempo em que procuramos contribuir com nossa força interior, ofertando bons pensamentos e criando um clima de paz e fraternidade. Há uma maior possibilidade de um despertar da consciência, pois bênçãos superiores infundem-se sobre a humanidade. Cristo nasce na Natureza, pois o natal não é apenas o nascimento simbólico do Sol. Em seu aspecto energético, é o nascimento do Cristo imanente na Natureza.

Alberto Brum de Souza, O Significado do Natal - O Natal dos Anjos



A teósofa Dora Van Gelder* em seu pequeno, mas sábio trabalho “O Natal dos Anjos” esclarece inúmeros pontos obscuros. Ela explica que “o principal propósito da festa de Natal é o nascimento do Cristo no mundo da Natureza” e que o Natal “é uma época de enorme atividade no reino angélico” [22]. Todo o reino Dévico dirige sua atenção a este evento, pois o Senhor Cristo é o Instrutor dos Anjos e dos Homens. Os Anjos ou Devas como são conhecidos no Oriente, são agentes ativos do Cristo na Natureza. O natal marca uma renovação e uma mudança das forças negativas e positivas que equilibram a vida oculta do planeta.

Essa efusão de forças espirituais produz uma vivificação da Natureza visível e invisível. Após uma enorme atividade e trabalho de preparação, chega-se ao natal, “exatamente depois do dia mais curto do solstício de inverno, no hemisfério norte, enquanto no hemisfério sul é celebrado depois do dia mais longo do solstício de verão” [23]. Busca-se um nível de equilíbrio. Correntes de força dirigem-se do Norte para o Sul e do Sul para o Norte. A autora ainda nos indica que todo esse movimento de forças, que começa bem antes do natal e que tem seu clímax no final de dezembro, tem dois aspectos: “Enquanto no Hemisfério Norte tem lugar um verdadeiro nascimento no Natal, no Hemisfério Sul o que ocorre é antes um aprofundamento da vida... No norte, alegria, amor e beleza são as influências predominantes; no Sul são derramados poder e força – um verdadeiro aprofundamento do Cristo na Natureza... Um é a elaboração de baixo para cima (“ Espírito Santo”), o outro, um verter de cima para baixo (uma verdadeira descida do Filho) “[24].

Com essa visão o natal transforma-se em uma esplendorosa festa nos mundos interiores. E é devido a essa influência que o “clima de natal” manifesta-se entre nós. Sem dúvida, é uma grande comunhão ecológica, que cresce de importância a cada ano devido ao desequilíbrio do planeta, às guerras e à imensa poluição ambiental. Só isto nos mostra a importância de nos conscientizarmos da realidade invisível deste momento e de colocarmos, com boa vontade, todas as nossas capacidades nesta celebração, aliando-nos ao majestoso e divino trabalho realizado pelo Reino Angélico. A vida e o equilíbrio do planeta necessitam da colaboração de todos, pois o mundo é um reflexo da ação dos indivíduos. Não há lugar para se manter a rotina das festas de fim de ano ou o desconhecimento do que realmente acontece ao final de dezembro.

*Dora Kunz – Presidente da Seção Americana da Sociedade Teosófica e Diretora do Centro Olcott, Wheaton, Illinois.

É ainda Dora Van Gelder que comenta a cerca da onda de vida que se espalha por todos os quadrantes. Isto mais uma vez torna nítido o caráter universal do natal. Durante o dia de natal a terra pulsa e vibra com as ondas de adoração que vão ao Senhor, provenientes das incontáveis hostes de Anjos pelo mundo afora e pelas meditações e orações sinceras. Em resposta às invocações e às adorações movidas pelo espírito de paz e confraternização, Cristo, auxiliado pelos seus agentes, derrama bênçãos de paz para toda a humanidade.

Tudo isto nos transmite uma nova compreensão e uma vontade de vivenciar esse ritual Ecológico. O natal é um momento especial para os homens abrirem seus corações à luz espiritual, da qual o Sol é o símbolo físico, para que o Cristo interno, “a esperança de Glória”, nasça em cada um, produzindo um novo viver. Felizes daqueles que estão disponíveis para tal oportunidade, pois certamente sentirão o que realmente significa um “Feliz Natal”.

Alberto Brum de Souza, O Significado do Natal - Referências


Este trabalho procurou reunir uma série de dados, a partir de autores que no nosso entender dão as informações mais valiosas para uma percepção do real significado do Natal. Indicamos abaixo as fontes, para um estudo mais detalhado:

Dora Van Gelder – O Natal dos Anjos, Sociedade Teosófica, Rio de Janeiro, 1979.
Annie Besant – O Cristianismo Esotérico, Pensamento, São Paulo, 1964.
C.W.Leadbeater – The Inner Side of Christian Festivals, The Saint Alban Press, Ojai, Usa, 1973.
Alvin B. Kuhn – A Rebirth for Cristianity, TPH, Wheaton, 1970.
H.P. Blavatsky – Isis Sin Velo, Editorial Eyras, Madri, 1977.
H.P. Blavatsky – O Caráter Esotérico dos Evangelhos (em A Doutrina Oculta), Hemus, São Paulo, 1977.
H.P. Blavatsky – Glosario Teosofico, Kier, Buenos Aires, 1957.
G.R.S. Mead – Fragments of a Faith Forgoteen, TPS, Londres, 1906. Reedição: University Books, New Work, 1972. Venda: Philosophical Research Society, Los Angeles, California.
G.R.S. Mead – Did Jesus Live 100 B.C.?, TPS, Londres, 1903. Reedição: University Books, New Work, 1968.
G.S.R. Mead – The Hymn of Jesus, TPH, Wheaton, 1973.
Geoffrey Hodson – The Christ Life from Nativity to Ascension, TPH, Wheaton, USA, 1975.
Geoffrey Hodson – The Hidden Wisdom in the Holy Bible (vol.I), TPH, Adyar, India, 1963.
Geoffrey Hodson – O Reino dos Deuses, Pensamento, SP, 1982. 
Geoffrey Hodson – A Fraternidade de Anjos e de Homens, Pensamento, São Paulo, 1982.
Geoffrey Hodson – O Lado Interno do Culto na Igreja, Pensamento, São Paulo, 1983.
Geoffrey Hodson – Os Anjos e a Nova Raça, Sociedade Teosófica, Rio de Janeiro, 1981. 
Robert S. McGinnis Jr. – The Essenes in Esoteric Perspective, American Theosophist, Wheaton, 1977.
James M. Robinson (editor) – The Nag Hammadi Library, Harper-Row, New Work, 1981.
Alvin B. Kuhn – The Lost Key to the Scriptures, The Theosophical Press, Wheaton, 1966.
Charles Francis Potter – The Lost Years of Jesus Revealed, Gold Medal Books, Fawcett Publications, Usa. 1958.
The Holy Bible, King James Version (1611), New Work, 1980.
Obs.: TPH – Theosophical Publishing House / TPS – Theosophical Publishing Society
Notas
[1] G.R.S. Mead – “Fragments of a Faith Forgoteen”, TPS, Londres, 1906.
[2] Idem, p.430.
[3] Geoffrey Hodson – “The Christ Life from Nativity to Ascension”, TPH, Wheaton, p.34.
[4] Idem, p.35.
[5] Blavatsky – “Glosario Teosofico”, Kier, Buenos Aires, p.742.
[6] Blavatsky – “Doutrina Oculta”, Hemus, SP, p.163.
[7] Idem, p. 173.
[8] G.R.S. Mead – “Fragments of a Faith Forgoteen”, TPS, Londres, 1906, p. 249.
[9] G. Hodson – “The Christ Life from Nativity to Ascension”, TPH, Wheaton, USA, 1975, p. 35.
[10] Idem, p. 34.
[11] TPS, Londres, 1903 (ver referências)
[12] Saint Alban Press, Ojai, (Usa), 1973, p.9.
[13] Alvin B. Kuhn – A Rebirth for Christianity, TPH, Wheaton, 1970
[14] Leadbeater – “The Inner Side of Christian Festivals”, p.9.
[15] Alvin B. Kuhn – “A Rebirth for Christianity”, TPH, Wheaton (Usa) p. 122.
[16] Leadbeater – Saint Alban Press, p.9.
[17] Annie Besant – “O Cristianismo Esotérico”, Pensamento, São Paulo, p.91
[18] Wizards, San Diego, 1982.
[19] Annie Besant – “O Cristianismo Esotérico”, Pensamento, São Paulo, 91.
[20] Leadbeater – “The Inner Side of Christian Festivals”, p.9.
[21] Coríntios – II, 12: 1-4
[22] Sociedade Teosófica – RJ – 1979, p.11.
[23] Idem, p.6.
[24] Idem, p.9. 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O Natal de Ontem e o Natal de Hoje


As Origens Pagãs e a Realidade Atual da Maior Festa do Cristianismo

Helena Petrovna Blavatsky

O artigo a seguir, que em 2007 o website www.filosofiaesoter ica.com tem a honra de publicar pela primeira vez em língua portuguesa,foi escrito para a edição de dezembro de 1879 da revista indiana "The Theosophist" . Por esse motivo a senhora Blavatsky se refere, no primeiro parágrafo, a "nossos assinantes ocidentais". Poderoso em sua defesa da verdadeira compaixão e sua crítica ao mero ritualismo vazio, o texto tem grande utilidade para os cidadãos da atual sociedade de consumo, e constitui hoje um clássico da literatura teosófica autêntica – ainda pouco conhecida no Brasil. Uma breve nota ao final relaciona a mensagem essencial deste texto com a sabedoria popular brasileira. A lição maior a aprender é que o verdadeiro Natal ocorre sobretudo no templo sagrado que existe dentro de cada coração humano. (Os Editores) Estamos atingindo aquela época do ano em que todo o mundo cristão se prepara para celebrar a mais notável das suas solenidades – o nascimento do Fundador da sua religião. Quando este texto chegar aos nossos assinantes ocidentais haverá festividades e alegria em todas as casas. No Noroeste da Europa e na América do Norte haverá azevinho e heras decorando cada casa, e as igrejas estarão enfeitadas com sempre-vivas; um costume que vem das práticas antigas dos Druídas, "para que os espíritos silvestres possam congregar-se nas sempre-vivas, e permanecer ao abrigo da geada até que haja menos frio".

Nos países católicos, grandes multidões convergem para as igrejas durante a noite da "véspera de Natal", para saudar imagens de cera da divina Criança, e de sua mãe Virgem, em sua vestimenta de "Mãe Celestial". Para uma mente analítica, esta exuberância de rico ouro e de rendas, de cetim e veludo enfeitados com pérolas, e o berço coberto de jóias, parecem de fato paradoxais. Quando pensamos na manjedoura pobre, velha e suja da estalagem judaica na qual, se devemos acreditar no Evangelho, o futuro "salvador" foi colocado ao nascer por falta de um abrigo melhor, não podemos deixar de suspeitar que, diante do olhar deslumbrado do devoto ingênuo, o estábulo de Belém desaparece completamente.

Para dizê-lo de modo mais suave, esta pomposa exibição não combina muito bem com os sentimentos democráticos e com o desprezo verdadeiramente divino por riquezas materiais, que o "Filho do Homem" sentia

– ele que não tinha "onde descansar sua cabeça". Isso só torna mais difícil para o cristão comum compreender a afirmação explícita de que "é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um homem rico entrar no reino dos céus"

–; a menos que a frase seja vista como uma ameaça puramente retórica e sem valor real. A Igreja romana agiu com inteligência ao proibir severamente os membros das suas paróquias de ler ou interpretar os Evangelhos por si mesmos, e ao deixar, enquanto isso foi possível, que o Livro proclamasse as suas verdades em Latim – "a voz que prega no deserto". Nisso, a igreja apenas seguiu a sabedoria das idades – a sabedoria dos antigos arianos, que também é "justificada pelos seus filhos"; porque, assim como o devoto moderno do hinduísmo não entende uma palavra de sânscrito, nem o parsi uma sílaba do Zend [1], assim também para o católico comum não há diferença alguma entre um texto em Latim e os símbolos hieroglíficos do Egito antigo. O resultado é que todos os três – o Alto Sacerdote Hindu, o Mobed zoroastrista e o Pontífice Católico Romano, obtêm oportunidades ilimitadas para produzir novas doutrinas religiosas a partir das suas próprias fantasias, para benefício das suas respectivas igrejas.

Para dar as boas-vindas a este grande dia, os sinos são tocados em sinal de felicidade à meia-noite por toda Inglaterra [2] e pelo continente. Na França e na Itália, depois da celebração da missa em igrejas magnificamente decoradas, "é costume que os participantes tenham acesso a uma recepção (reveillon), para que possam enfrentar melhor o cansaço da noite", afirma um livro sobre os cerimoniais da igreja papal. Esta noite de jejum cristão nos lembra do Sivaratree dos seguidores do deus Shiva – o grande dia de tristeza e jejum, no décimo-primeiro mês do ano hindu. A diferença é que entre os seguidores de Shiva a longa vigília noturna é precedida e seguida de um jejum estrito e rígido. Não há reveillons ou soluções de meio-termo entre eles. É verdade que eles não passam de "pagãos" iníquos, e portanto o seu caminho até a salvação deve ser dez vezes mais difícil. Embora seja agora universalmente celebrado pelas nações cristãs como o aniversário de nascimento de Jesus, o dia 25 de dezembro não era aceito como tal, inicialmente.

O Natal, a mais móvel das datas de celebrações cristãs, era frequentemente confundido com a Epifania [3] e celebrado nos meses de abril e maio. Como nunca houve qualquer registro ou prova autêntica de sua identificação, seja em história secular ou eclesiástica, a seleção daquele dia permaneceu sendo opcional por longo tempo, e foi só no século IV que, estimulado por Cyril de Jerusalém, o papa (Julio I) ordenou aos bispos que fizessem uma investigação e chegassem finalmente a algum acordo quanto à data presumível do nascimento de Cristo. A escolha deles recaiu sobre 25 de dezembro –, e desde então tem sido comprovado que a escollha foi muito infeliz!

Foi Dupuis, seguido por Volney, que desferiu os primeiros tiros contra esta data. Eles comprovaram, com datos astronômicos muito claros, que durante períodos incalculáveis antes da era cristã quase todos os povos antigos tinham celebrado o nascimento dos seus Deuses do Sol exatamente nesta data. "Dupuis mostra que o signo celeste da VIRGEM E A CRIANÇA já existia vários milhares de anos antes de Cristo" – escreve Higgins em sua obra Anacalypsis. Já que Dupuis, Volney e Higgins foram considerados pela posteridade como infiéis e inimigos da Cristandade, parece ser correto citar, nesta questão, as confissões do bispo cristão de Ratisbone, "o homem mais sábio que a idade média produziu", o dominicano Albertus Magnus. "O signo da Virgem celestial se eleva acima do horizonte no momento que nós fixamos como o do nascimento do Senhor Jesus Cristo", diz ele, em "Recherches historiques sur Falaise, par Langevin prêtre". Assim, Adônis, Baco, Osíris, Apolo, etc., todos nasceram em 25 de dezembro.

O Natal ocorre examente no momento do solstício de inverno [4] ; os dias são então mais curtos, e a Escuridão está mais presente que nunca na face da terra. Todos os deuses solares nascem anualmente naquela época; porque a partir daquele momento a sua Luz afasta cada vez mais a escuridão, a cada novo dia, e o poder do Sol começa a aumentar. Seja como for, as festividades de Natal que foram celebradas pelos cristãos durante quase 15 séculos tiveram um caráter particularmente pagão. E isso não é tudo: mesmo as atuais cerimônias da igreja dificilmente podem escapar da crítica de que foram copiadas quase literalmente dos mistérios do Egito e da Grécia, celebrados em homenagem a Osíris e Horus, Apolo e Baco. Tanto Ísis como Ceres eram chamadas de "Virgens Sagradas", e um BEBÊ DIVINO pode ser encontrado em cada religião "pagã". Vamos agora traçar dois retratos do Feliz Natal. Um descreve os "bons e velhos tempos". O outro descreve o estado atual da adoração cristã. Desde os primeiros dias do seu estabelecimento como Natal, o dia foi visto ao mesmo tempo como uma comemoração sagrada e e uma festividade da maior alegria: ela era dedicada igualmente à devoção e à diversão desregrada. "Entre as festanças da temporada de Natal estavam as chamadas festas de tolos e asnos, as saturnálias grotescas que eram chamadas de 'liberdades de dezembro', nas quais tudo o que fosse sério era parodiado, a ordem da sociedade era revertida, e o seu sentido de decência ridicularizado" – diz um compilador de crônicas antigas. "Durante a idade média, isso era celebrado através do espetáculo alegre e fantástico dos mistérios dramáticos, realizado por personagens em máscaras grotescas e roupas extravagantes. O show normalmente representava uma criança em um berço, rodeada pela Virgem Maria e por São José, por cabeças de touros, querubins, por Magos do Oriente (os Mobed de antigamente) , e múltiplos ornamentos." O costume de entoar cânticos durante o Natal, chamados de Hinos de Natal, visava relembrar as canções dos pastores na Natividade. "Os bispos e o clero frequentemente se juntavam à população em tais cânticos, e as canções eram acompanhadas por danças e pela música de tambores, guitarras, violinos e órgaos...." Podemos acrescentar que até os tempos atuais, durante os dias que antecedem o Natal, tais mistérios estão sendo encenados, com bonecos e marionetes, no sul da Rússia, na Polônia e na Galícia; e são conhecidos como Kalidowki. Na Itália, menestréis da Calábria descem das suas montanhas até Nápoles e Roma, e lotam as capelas da Virgem-Mãe, homenageando- a com sua música animada. Na Inglaterra, os festejos costumavam começar na véspera de Natal e iam frequentemente até a Candelária (2 de fevereiro) [5] , sendo que todos os dias eram dias santos até a décima-segunda noite (6 de janeiro). Nas casas de grandes nobres era nomeado um "senhor do desregramento" ou "abade da não-razão", cujo dever era cumprir o papel de palhaço. "A despensa ficava cheia de frangos, galinhas, perus, gansos, patos, carne bovina, carne de carneiro, carne de porco, tortas, pudins, nozes, ameixas, açúcar e mel." (. . . .) "Um fogo brilhante, feito de pedaços grandes de lenha, o principal dos quais era chamado de 'lenha de Natal' e era capaz de queimar até a véspera da Candelária, era mantido em ambiente seguro; e a abundância era compartilhada pelos arrendatários do senhor, em meio a música, encantamentos, quebra-cabeças, hotcockels [6], brincadeira do tolo, flores cabeça-de-dragã o, piadas, risos, desafios com perguntas e respostas, prendas penhoradas nos jogos, e danças." Em nossos tempos modernos, os bispos e o clero já não se somam à população que canta e dança, e as "festas de tolos e asnos" são ensaiadas mais na sagrada privacidade do que diante de perigosos observadores de olhos atentos. No entanto as festas de comida e bebida são preservadas em todo o mundo cristão; e sem dúvida ocorrem mais mortes súbitas provocadas por gula e intemperança durante os feriados de Natal e a Páscoa do que em qualquer outra época do ano. A cada ano que passa, a adoração cristã se limita, cada vez mais, a uma falsa ostentação. A ausência de coração em tais fingimentos tem sido denunciada inúmeras vezes, mas pensamos que isso nunca foi feito com um toque de realismo mais emocionante do que em uma encantadora história-de-sonhos publicada no "New York Herald" perto do último Natal [7] . Um homem idoso, que presidia uma reunião pública, disse que aproveitaria a oportunidade para relatar uma visão que ele havia tido na noite anterior. "Ele pensou que estava de pé no púlpito da mais bela e magnífica catedral que ele jamais havia visto.

Diante dele estava o sacerdote ou pastor da igreja, e a seu lado estava um anjo com uma tabuleta e um lápis na mão, cuja missão era registrar cada ação devocional ou oração que ocorresse em sua presença e se elevasse como uma oferenda aceitável até o trono de Deus. Cada banco da igreja estava cheio de devotos de ambos os sexos. A mais sublime música que ele jamais ouvira encheu o ar com sua melodia. Todos os belos serviços ritualísticos da igreja, inclusive um sermão insuperavelmente eloquente de um hábil sacerdote tinham já ocorrido, e no entanto o anjo registrador não fez anotação alguma em sua tabuleta! Ao final, a congregação foi dispensada pelo pastor com uma longa oração de belas frases, seguida por uma bendição, e no entanto o anjo não fez um só gesto!" "Observado ainda pelo anjo, o orador saiu pela porta da igreja que ficava atrás da congregação ricamente vestida. Uma pobre mulher esfarrapada permanecia na sarjeta da calçada, estendendo sua mão pálida e desnutrida e silenciosamente pedindo esmolas. Enquanto passavam por ali os devotos ricamente vestidos, eles se desviavam da pobre Madalena. As damas mantinham à distância as suas sedas, os seus mantos enfeitados de jóias, para que não pudessem ser contaminados pelo toque da mão dela." "Neste momento um marinheiro bêbado aproximou-se oscilando pelo outro lado da calçada. Quando ele chegou à altura da pobre menina abandonada, ele cambaleou atravessando a rua até onde ela estava e, tirando do bolso algumas moedas de pequeno valor, colocou-as na mão dela, enquanto dizia: 'Aqui, pobre miserável abandonada, pegue isto!' Uma radiância celeste agora iluminou a face do anjo registrador, que imediatamente anotou o ato de simpatia e compaixão do marinheiro em sua tabuleta, e afastou-se considerando- o um sincero sacrifício a Deus."

Alguém dirá que esta é uma materialização da história bíblica do julgamento de uma mulher culpada de adultério. Pode ser que sim; no entanto, a história descreve magistralmente a situação atual da nossa sociedade cristã. De acordo com a tradição, na véspera do Natal, os bois podem ser sempre encontrados repousando sobre seus joelhos, como se estivessem em oração e devoção, e "havia um famoso espinheiro no pátio do mosteiro de Glastonbury, que sempre dava botões de flor no dia 24 e florescia no dia 25 de dezembro; fato que, considerando que o dia fora escolhido ao azar pelos Padres da igreja, e que o calendário foi alterado do sistema antigo para o novo, mostra uma perspicácia notável, tanto por parte dos bois como por parte do vegetal! Há também uma crença tradicional, preservada até nós por Olaus, o arcebispo de Upsala, de que, no festival do Natal, "os homens que vivem nas regiões frias do Norte são súbita e estranhamente metamorfoseados em lobos; e que uma gigantesca multidão deles se encontra em um lugar escolhido e expressa tamanha raiva da humanidade que esta sofre mais com os seus ataques do que jamais poderia sofrer com ataques dos lobos naturais." Metaforicamente falando, este parece ser o caso com os homens, e mais do que nunca agora, e especialmente nas nações cristãs. Não há necessidade de esperar pela véspera de Natal para ver nações inteiras transformadas em "feras selvagens" – especialmente em tempos de guerra. (Theosophist, Dezembro 1879)

NOTAS: [1] Parsis são os seguidores do zoroastrismo na Índia. "Zend" é a versão da "Avesta" – a principal escritura sagrada dos parsis – no idioma persa clássico, o "pálavi", falado nos séculos três a nove da era cristã. A escritura persa é chamada hoje de "Zend-Avesta" . (Nota do Tradutor) [2] A Índia era colônia inglesa na época. (N. do Trad. ) [3] A epifania ou Dia de Reis é comemorada hoje em seis de janeiro. (N. do Trad.) [4] Inverno -- no hemisfério norte. (N. do Trad.) [5] Candelária; festa da Purificação da Virgem. No Brasil, também é o dia de Iemanjá, a deusa das águas. (N. do Trad.) [6] Hotcockels - jogo infantil tradicional em que uma criança, com os olhos cobertos, deve adivinhar quem bateu nela. (N. do Trad.) [7] Último Natal -- isto é, na época do Natal de 1878. (N. do Trad.) Nota: A história contada por H.P.B., sobre a mulher que mendigava à porta da igreja luxuosa, concide com uma narrativa bem-humorada que hoje faz parte da sabedoria popular brasileira. Um homem pobre, velho, negro, desdentado e maltrapilho é barrado, sem explicações, na igreja de um bairro de luxo de uma grande capital. Surpreso, sem poder entender o motivo, ele volta para seu barraco. Ele faz uma oração a Deus e pergunta, como quem deseja ver o mistério resolvido de uma vez por todas: "Explique-me, Senhor ; como é que o Senhor permite que um sujeito sincero como eu seja barrado naquela igreja, tão grande, tão bela e que se diz cristã?" E Deus responde:

"Não se preocupe, meu filho. Já faz muito tempo que eu também não consigo entrar naquele prédio."